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  • Nutri Ana Paula Porto

5 coisas importantes sobre alimentação, carboidratos e diabetes.

Atualizado: 14 de jun. de 2023


Se você tem diabetes normalmente enfrenta situações onde as pessoas ao seu redor demonstram “preocupação” com a SUA alimentação. Há os que se espantam MUITO quando você consome algo com açúcar ou carboidratos... “Nossa, isso é um veneno para quem tem diabetes!”

Há os que ficam oferecendo “só um pouquinho” da sobremesa, ou do suco, do cafezinho adoçado... “só mais um pão de queijo”, “pega mais que isso é salgado” e ai de você de se recusar! “Que desfeita” ou “que exagero” “Não vive!”.

Há os adeptos de dietas restritivas e radicais (low carb, jejum prolongado, etc) que te mandam um monte de artigos, vídeos e frases de convencimento porque eles acreditam que TODOS com diabetes deveriam fazer daquele jeito porque parece muito óbvio. São aqueles que dão um monte de "dicas" nas redes sociais e que estão “ajudando todo mundo” em compartilhar e orientar o que fazer baseados nas experiências pessoais deles.

Calma! Acontece dessas e muito mais. Então hoje eu gostaria de reforçar 5 coisas importantes sobre alimentação, carboidratos e diabetes, baseadas em evidência científica, consensos em nutrição, em diabetes, e bom senso, pra você lembrar nessas situações, quando as pessoas quiserem "ajudar". ;-)

1. NÃO SÃO APENAS ALIMENTOS DOCES QUE AUMENTAM A GLICEMIA.

Mesmo os alimentos salgados ou alimentos sem adição de açúcar (diet) podem conter outros tipos de carboidratos que fornecem glicose ao organismo e se não houver moderação no consumo ou não houver correção adequada referente a esses carboidratos, a glicemia pode se alterar sim. Então, com muito jeitinho, e segurança de si, recuse as ofertas de alimentos que naquele momento possam comprometer sua glicemia.

A contagem de carboidratos é uma excelente ferramenta para proporcionar variedade e equilíbrio alimentar e melhor controle da glicemia. Se você faz contagem de carboidratos, lembre sempre que o equilíbrio alimentar + ajuste na dose de insulina aliado a prática de atividade física é o segredo para o melhor controle glicêmico e saúde e não apenas o cálculo matemático dos gr de carboidratos.

2. OS CARBOIDRATOS NÃO SÃO VILÕES.

Definitivamente os carboidratos não são vilões, nem para quem tem diabetes nem para quem não tem. Os carboidratos se convertem em glicose sim mas quem já aprendeu a se alimentar com equilíbrio na quantidade, e na qualidade, consegue manter a saúde, o peso e a glicemia. Quem ainda tem dificuldades com essa questão pode aprender e não simplesmente ser incentivado a excluir.

Os carboidratos são fontes de energia fundamental, e mais rápida, para o corpo humano. Se consumidos de acordo com as necessidades individuais, os cereais integrais, frutas e legumes promovem o adequado funcionamento do organismo e contribuem com equilíbrio metabólico e glicêmico. Segundo o Guia Alimentar Para a População Brasileira e de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022) o consumo de uma porção de doces/dia faz parte de uma alimentação saudável. Cabe considerar individualmente o momento mais adequado, a glicemia no momento e o tamanho da porção que será consumida.

O que vale sinalização de alerta e cautela é o consumo de alimentos processados e ultra processados no dia a dia. Se você puder evitar, substituir por alimentos frescos será ótimo.

*Alimentos in natura, integrais, preparações caseiras, também podem fornecer glicose mas são mais nutritivos, fornecem mais do que calorias, além de proporcionarem experiências importantes e saudáveis, por isso a troca é incentivada.

Colocar todos os alimentos fontes de carboidratos como vilões, a ponto de defender a exclusão de frutas, legumes, cereais da alimentação, não faz sentido diante das necessidades de manutenção e promoção da saúde humana.

Outro ponto importante é que as proteínas e gorduras também influenciam a glicemia. Elas fornecem energia de forma mais lenta e influenciam no tempo de digestão e forma de aproveitamento da glicose pelo organismo. A recente nota técnica da SBD sobre a terapêutica nutricional no diabetes, aborda a conversão de ingestão de proteínas e gorduras para bolus alimentar e demonstra o impacto do consumo de proteínas e gorduras na glicemia, reforçando a necessidade de compreendermos e agirmos de forma mais abrangente e estratégica no controle da glicemia, equilíbrio e qualidade alimentar.

Saber como prevenir situações extremas, como hiperglicemias ou hipoglicemias e como agir quando as variações acontecem é essencial para quem convive como diabetes e, para isso, é preciso entender de alimentos fontes de carboidratos e carregar sempre consigo a sua medicação, e carboidratos de absorção rápida para o caso de uma hipoglicemia, por exemplo.

3. A GLICEMIA NÃO SE ALTERA APENAS POR CAUSA DA ALIMENTAÇÃO

Ficamos em alerta o tempo todo pra ver se a glicemia está subindo ou se está baixando e esse estado se intensifica na hora de comer. Mas a glicemia não sofre influência apenas da alimentação. Nosso estado de saúde (uma gripe, uma infecção, inflamação, etc), atividade física, horários e tempo de sono, situações de estresse, hidratação ou desidratação, alimentação, ajustes (ou falta de ajustes) de medicação. Nas mulheres o período menstrual, gestação, puerpério, amamentação, menopausa, tudo isso influencia na glicemia também. Não é possível excluir da vida tudo o que pode influenciar na glicemia. Podemos e devemos aprender a lidar o melhor possível com as variáveis. Fazer escolhas saudáveis e equilibradas na alimentação, evitar o sedentarismo, melhorar a rotina de trabalho, as relações sociais, a saúde física e mental como um todo, são ações efetivas para o melhorar a qualidade de vida e da glicemia.

É bastante coisa, não é?

Pois é, na nossa vida temos muitas coisas para cuidar e melhorar mas quando cuidamos melhor de nós, da saúde de forma mais abrangente, cuidamos também do diabetes.

4. HEMOGLOBINA GLICADA BAIXA A TODO CUSTO NÃO É SINONIMO DE GLICEMIA CONTROLADA.

A Hemoglobina Glicada (HbA1C) é um parâmetro de avaliação de controle de glicemia mas não o é único, e não ousaria classificá-la como a mais importante.

Nas redes sociais tenho presenciado apelos em busca de uma melhor HbA1C um terrorismo absurdo aos carboidratos e críticas descabidas às pessoas com diabetes que consumem carboidratos. Ai vem um com um artigo cientifico X para dizer que melhor é excluir carboidratos, fibras, legumes, frutas. Outro diz que Dieta Y é a melhor para baixar a hemoglobina glicada. Outro que o jejum há milênios é excelente para tudo.

Embora na classe médica e científica se discuta sobre os esforços necessários para conseguirmos, com segurança, mais tempo de glicemia no alvo e redução da variação glicêmica, ainda há quem não se atualizou e cobre resultados apenas considerando a HbA1C <6,5% ou melhor (ou pior, na verdade) HbA1c menor que os valores de quem não tem diabetes <5,7% a todo custo. Isso é realmente preocupante.

5. A EDUCAÇÃO EM DIABETES PROPORCIONA UM TRATAMENTO MAIS SEGURO.

Diante de tantos desafios, insegurança, expectativas, carências, e necessidade de ajuda, saudável mesmo é buscarmos aprender de fontes confiáveis sobre saúde e diabetes, de uma maneira ampla, vivenciar as coisas com equilíbrio, e não se cansar de cuidar de si.

Reconhecer o quanto você acerta é importante, e o que precisa ser melhor também. Um pouco de cada vez, de maneira segura e que seja sustentável, duradoura.

Se você precisa de ajuda com questões relacionadas a sua alimentação, diabetes, e organização da rotina, que às vezes ficam em segundo plano porque “os controles” tomam mais da sua atenção, procure um(a) nutricionista que entenda de diabetes e que esteja disposto(a) a descomplicar as coisas.

Ah, por favor, me conte... já deram palpite na sua alimentação também por você ter diabetes? Ou, por acaso, você já fiscalizou, ou julgou, os carboidratos da refeição de alguém? me conte como foi.

Se você tiver alguma dúvida, coloca nos comentários pra eu fazer um post a respeito.

Vou ficar feliz em ajudar.

 

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